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Comissão antirracista > igualdade racial

Por admin em 8 de dezembro de 2022

Angela Cristiana dos Santos, 32 anos, Operacional Speed Work São Paulo.

Eu sou a Angela, trabalho na Speed Work desde 2017 e sou a mãe da Lorena, que tem 6 anos.
Quando iniciei na Speed a Lorena tinha 6 meses de idade e graças a Deus eu tive uma rede de apoio, minha mãe e minha sogra (que largou o trabalho de doméstica nessa época) se revezavam pra cuidar dela e eu poder trabalhar. No começo era bem difícil. Mãe nova, eu pegava a condução com ela no colo, cheia de bolsas, e ninguém cedia assento. O motorista é que chamava atenção pra o povo acordar e ver que tinha uma mãe com uma recém-nascida no colo que precisava sentar. Saía muito cedo, achava uma tortura pra ela, mas ao mesmo tempo fazia aquilo por ela, não dava pra parar devido às dificuldades. Nisso a Speed me ajudou muito, em vários aspectos, a dar um conforto pra ela.

Eu convivo com a minha filha à noite, quando chego do trabalho. E ainda preciso fazer o “segundo turno” como dona de casa, providenciar roupa, lanche, pra o dia seguinte. Aos finais de semana a gente sempre está junto, aí dá pra aproveitar mais. Eu não consigo lembrar da minha vida antes da Lorena, parece que a vida antes dela era sem sentido. Nasce um filho, nasce uma mãe, como dizem.
A minha mãe é branca, sou filha de mãe branca e pai negro, mas não fui criada por ele. Eu só descobri que não era filha biológica do meu pai de criação (que também era branco) aos 11 anos. Na minha infância eu não entendia a cor da minha pele, mas não questionava. Minha mãe conta de situações em que falavam que eu não era filha dela, por ser diferente. E ela sempre lutava dizendo que eu era filha dela sim!
Ser mulher negra hoje, com a minha cabeça, eu consigo me defender. Mas não consigo imaginar minha filha passando por isso. Uma vez ela contou: “mãe a Fulana (amiguinha da escola) falou que eu só vou com o mesmo penteado de cabelo, sempre do mesmo jeito”. É gigante a minha raiva de ver alguém falar sobre a cor da pele dela, ou sobre o cabelo. Mas depois, com calma, conversamos bastante pra ela entender como é lindo o cabelo dela.

Graças a Deus a professora da escola é uma mulher negra. Ela me conforta bastante, conversando sobre racismo com os alunos. Então a Lorena e eu temos essa rede de apoio em sala de aula, essa professora ajuda muito e defende a Lorena.

Eu acho que o ensinamento sobre a luta contra o racismo tem que vir de casa, em primeiro lugar. Se uma criança age na escola com preconceito, é de dentro de casa que ele está vindo. Por isso é tão importante conversar com as crianças, nem que seja na hora de dormir. Precisamos desse momento pra estar junto e conversar.